Tudo começa com Arte, uma reflexão sobre a importância da arte no processo de alfabetização
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Tudo começa com Arte
Uma criança de 2 anos faz uma pintura a dedo no papel. Ela mergulha o polegar na tinta verde e carimba pontos ovais pela página. Em seguida, espalma a mão na tinta vermelha: metade entorna na mesa da cozinha e a outra metade suja sua roupa.
Para a criança, sua pintura é uma obra de arte.
Para o adulto, é uma grande sujeira! Mal sabe este adulto que um trabalho importante está ocorrendo ali à sua frente. Criar arte, mesmo que seja lambuzando, é uma forma de se expressar, o primeiro passo na direção de toda representação gráfica e simbólica, incluindo a leitura e a escrita.
Para você, a pintura pode ser indecifrável, mas para seu filho ela tem significado.
E o que é mais maravilhoso: esta criança está começando a se dar conta de que imagens são símbolos para pensamentos, assim como as palavras. Compreender que marcas em uma página têm significado é o primeiro passo na direção da leitura.
Além de se expressar, criar arte tem outros bônus.
Amassar argila, esfregar tinta, rabiscar com giz de cera e recortar com tesoura apura as habilidades motoras finas da criança. Ela ganha controle e destreza, que mais tarde lhe permitirão escrever.
Além disso, ela aprende sobre cores quando mistura vermelho e amarelo para fazer o laranja, sobre o equilíbrio quando constrói um móbile, sobre o relacionamento parte/todo quando corta papel, sobre medida quando corta barbante e sobre solução de problemas quando tenta desenhar um mundo tridimensional numa folha de papel plana.
Esses processos mentais são importantes para a criança pré-escolar.
O papel dos pais deveria ser abrir a porta para que o filho use ferramentas e técnicas para criar. Você pode fazer isso oferecendo-lhe um ampla coleção de materiais de arte, demonstrando várias formas de usar um material e dando incentivo e apoio.
O que os desenhos dizem sobre estar pronto para a leitura
O uso que uma criança faz do espaço na arte indica, aos educadores, muito sobre habilidade de organizar as palavras no papel e de compreender conceitos espaciais, como em cima e embaixo, esquerda e direita.
A habilidade do seu filho de distinguir formas mostra ao professor que ele pode começar a ver as semelhanças e diferenças entre letras e palavras.
A coerência e atenção aos detalhes que a criança exibe em seus desenhos, como uma casa ou uma garota, revela sensibilidade a formas. A criança está pronta para aprender sobre os detalhes na formação de letras e de palavras.
Retrato do artista
Risco e Rabisco
Uma criança pequena segura um lápis ou giz de cera e faz riscos em qualquer sentido na página. Para elas, a satisfação está em criar algo que não estava lá antes.
Voltas e voltas
À medida que a criança cresce e ganha coordenação motora fina, as linhas se tornam mais fortes e revelam mais controle muscular. Surgem formas identificáveis, a maior parte delas circulares – grandes e pequenas. Surgem as “pessoas circulares”: círculos com braços e pernas feitos de retas. Seu filho pode juntar linhas e pontos aos círculos ou pôr os círculos dentro de um quadrado para desenhar uma casa.
O jogo do nome
A criança pré-escolar começa a nomear seus rabiscos, os desenhos que ela faz podem ser um mistério para você, mas a criança está começando a perceber que eles representam objetos reconhecíveis e aos quais ela pode dar nomes.
Agora você vê!
Logo esta criança começa a desenhar formas mais reconhecíveis: uma casa quadrada com um telhado retangular, um Sol circular. As pessoas circulares passam a ter olhos e sorriso. A criança começa a registrar sua arte com palavras escritas, embora a grafia possa não estar correta, é valioso que ela esteja conectando imagens a palavras e ideias.
Arte e solução de problemas
Na arte, as crianças resolvem problemas o tempo todo, por exemplo, elas calculam como fazer figuras humanas do tipo graveto sentarem-se, dormirem em uma cama, expressarem surpresa ou tristeza. Elas questionam quais formas compõem um caminhão de bombeiros, uma girafa ou um bolo de aniversário.
As crianças usam o que elas sabem sobre o mundo e suas possibilidades.
Experimentam estratégias diferentes para resolver ou evitar problemas no desenho.
Se não podem desenhar uma criança se inclinando para acariciar um cachorro, algumas desenham o cachorro em cima de uma cadeira, enquanto outras desenham cães bem grandões!
Com frequência uma boa quantidade de pensamentos e criatividade acompanha esse processo, por tanto, como resultado isso é o que importa, não o desenho final, pois reflete o crescimento e desenvolvimento mental da criança.
Se a criança estiver se debatendo com um problema de arte, tente resistir à tentação de solucioná-lo para ela. Você pode ajudar fazendo perguntas como: “Que forma você acha que uma lagarta tem?”.
Vacas roxas e Sol de morango
Picasso certa vez disse que tentou a vida inteira pintar como uma criança, voltar àquela exuberância e alegria impulsiva de pintar. Às vezes, em nosso anseio por formas representacionais, nós oferecemos sugestões “úteis”: “Esta casa precisa de uma porta” ou “Cadê as orelhas do garoto?”, este tipo de ajuda não será construtiva para o desenvolvimento desta criança. Haverá mais possibilidades de limitar do que de estimular sua criatividade.
Nem sempre é fácil, mas tente não impor padrões adultos de acuidade. Se a criança quiser pintar uma vaca de roxo, pôr um morango no céu e fazer um pêssego com bolinhas, que seja! Alegra-te com a imaginação dela!
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